Mercado portuário e da navegação entram firme na era da digitalização

    A reorganização do transporte marítimo em razão da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) fez com que as empresas investissem em tecnologia e no desenvolvimento e aquisição de ferramentas para a digitalização dos processos e interação com seus clientes. Procedimentos que já eram adotados por armadores ao redor do planeta, com o isolamento social acabou ganhando seu espaço em empresas de menor porte. Inclusive, a pandemia quebrou a resistência de setores mais conservadores, que por imposição do mercado acabaram partindo para o meio digital.

    O assunto foi um dos temas do painel “Oferta x demanda 2021, digitalização, New Panamax” durante a Logistique Web Conference, na programação da edição 2020 da Logistique – Feira e Congresso de Logística e Negócios Multimodais. As discussões na íntegra podem ser conferidas no canal da Logistique no YouTube, link: https://www.youtube.com/watch?v=kqG5YSXTk8Y&t=1536s.

    “Assim como na primeira, segunda e terceira, agora na quarta revolução industrial a máquina vem tomando conta de nós. Vejo que não tem mais retorno. A digitalização dominou grande parte dos setores econômicos e tomou conta do mercado marítimo”, diz o consultor da Solve Shipping Inteligence Specialists e especialista em Economia Internacional e Inteligência Competitiva, Leandro Carelli Barreto.

    Julian Thomas, presidente do Grupo Maersk para o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, concorda com Barreto e acrescenta que os armadores do grupo A.P.Moller [controlador da Maersk Line] foram os precursores e hoje lideram em diversos aspectos o processo de digitalização no mercado da navegação. “Para a Maersk os investimentos na digitalização dos processos e procedimentos são fundamentais para a eficiência dos serviços e soluções logísticas oferecidas pelas empresas do grupo, a conexão entre empresa e clientes e também simplificar os processos”, diz o gestor.

    Segundo Thomas, a adoção de ferramentas digitais ainda possibilita que os clientes busquem as melhores soluções com os custos mais competitivos. “Os investimentos nos processos de digitalização aplicados à logística causaram uma verdadeira revolução no setor. Também agregam agilidade, credibilidade e qualidade aos serviços e reduz significativamente os custos”, acrescenta.

    O diretor de logística global da BRF Alimentos, José Perottoni, diz que embora empresas do porte da gigante BRF [fruto da fusão Sadia e Perdigão] trabalhe com contratos anuais de frete, não usando as ferramentas digitais para cotações, diz que a digitalização é visto como um grande avanço nos serviços logísticos. “Possibilitam um melhor rastreamento, reduzem significativamente a burocracia e aproximam o exportador dos órgãos intervenientes. “A digitalização nos possibilita uma nova forma de fazer negócios”, acrescenta.

    Daniel Kokot, o gerente de Comércio Exterior da Berneck SA, diz que o setor exportador de madeiras e outras cargas secas, como o caso da Berneck, os avanços foram significativos. “Hoje sabemos realmente os espaços que temos a disposição nos navios, podemos negociar melhor os preços e acompanhar cada fase do transporte”, acrescenta o executivo.

    Portos entram na era digital

    “Precisamos quebrar certos paradigmas e agilizar investimentos em sistemas e procedimentos que promovam maior planejamento e menores cures custos para as operações logísticas”, diz o presidente do Porto Itapoá, Cássio Schreiner. O gestor diz que o Terminal já opera com uma série de ferramentas que facilitam o acesso e melhoram a performance dos serviços. “Como gestores devemos ver a digitalização como oportunidade”, acrescenta Schreiner, destacando que, se por um lado as cargas ficam armazenadas por menos tempos nos portos, por outro, as ferramentas aumentam a disponibilidade de espaços, aumentam a capacidade operacional e eficiência dos serviços. “Reduzem, inclusive, investimentos na ampliação de áreas físicas.”

    O presidente dos Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia da Silva, diz que os gestores do Porto Público de Paranaguá e demais terminais que integram o Porto Organizado estão fazendo pesados investimentos em ferramentas e sistemas para agilizar os processos, reduzir burocracia e melhorar a conexão com usuários e órgãos intervenientes. “Firmamos um acordo de cooperação com a Valência Port [referência no desenvolvimentos de sistemas de gestão portuária] para o desenvolvimento de plataforma que, após implantada, coloque os Portos do Paraná em nível de igualdade com portos europeus e asiáticos”, diz.

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